Primeiro dia do ano! Hoje é um dia especial, pois vamos atravessar a cordilheira dos Andes, pelo Paso de Água Negra!
Saímos tarde de San Juan em direção a Las Flores, que é onde fica a aduana. Agora somos 1 jipe e 2 motos. São 180km de asfalto que fizemos sem pressa. Chegamos por volta de meio dia. Um dos integrantes não estava muito confiante quanto a altitude no paso (primeira experiência), e queria deixar pro dia seguinte a passagem. Assim ele iria se preparar, deixando de fumar e beber por 1 dia, para preparar o espirito e a alma pro feito. hehehe Total exagero.
Estávamos ali, contemplando as montanhas, com o gelo branquinho nos picos, num dia de clima perfeito. Vamos ter horas de sol pela frente e ficaremos aqui parados? Com isso vai aumentar 1 dia na minha programação inicial. Então por livre e espontânea pressão decidimos seguir em frente. Demoramos um pouco pra dar saída da Argentina, pois tinha pessoas na fila, inclusive crianças, que precisam mais documentos que o normal. Na fila tinha também um ciclista europeu que acabava de descer o Paso. Levou 3,5 dias pedalando. :)
Ah! Que visual maravilhoso! As montanhas! Uma parede gigantesca em nosso caminho! Temos que lentamente subir até a altitude daqueles gelos láááááá em cima, e então descer tudo novamente no lado chileno. Um trajeto de 260km sem abastecimento e recursos, sendo 180 km de rípio em todo o trecho de alta-montanha.
Colocamos as bagagens mais pesadas das motos no Jimny e tivemos a companhia da Ludmila, a terceira integrante no jipe. Assim as motocicletas estariam mais aptas e confiantes a enfrentar trechos mais complicados nas montanhas. Assim partimos em direção aos Andes e ao Paso de Água Negra. entrando por um longo vale, que mesmo sem parecer, toma altitude progressivamente. O asfalto logo termina e o visual fica cada vez mais legal, com montanhas coloridas.
Em alguns anos estará tudo asfaltado e haverá um túnel duplo, fazendo a ligação da Argentina e Chile, apto para funcionar durante todo o ano, inclusive para o trânsito de caminhões. Atualmente funciona apenas 3 meses por ano no verão pra veículos leves. Encontramos uma placa indicando onde será o túnel, na altitude de 4.000 metros. Mais adiante a subida é forte, praticamente escalando um paredão final até a altitude de 4.775m onde fica o limite. Curvas cotovelos a beira do penhasco, estrada estreita e rodeada por gelo. Subindo mais um pouco e começamos a ver o gelo também longe abaixo! Já estamos mais altos que o gelo que viamos de longe na alto das montanhas...
O visual é de tirar o fôlego! E realmente estamos ficando sem fôlego. O Jimny está lento e preguiçoso, e meus pensamentos distantes. Adoro a sensação que o ar rarefeito causa. Parece até que andei tomando umas taças de vinho… Na verdade estamos sendo movidos a chimarrão turbinado com folhas de coca. :)
Passamos então pelo marco da divisa e ponto mais alto da estrada, a 4.775m, agora é descer pelo vale de Elqui. Mais um longo trecho de rípio, passando pela Represa La Laguna, até chegar a aduana chilena, onde fomos muito bem recebidos. De agora em diante só asfalto, mas a descida continua e começa a anoitecer.
Já de noite, dobramos a esquerda na Ruta D-485 em direção a Pisco Elqui. Cidadezinha turística, produtora de uva e pisco, incrustada em meio as montanhas secas dos Andes, no vale de Cochiguaz. Após muitas curvas num asfalto novo e estreito chegamos cansados no único lugar que nos disseram que teria vagas. Cabanãs Las Gredas. Gostaria de ter chegado mais cedo, com disposição pra procurar outro lugar, pois o senhor que nos atendeu era profundamente mal educado e mal humorado. Pelo menos a cabana era confortável e tinha lugar pra todos nós.
Ao lado da nossa hospedagem, convenientemente tinha um restaurante. O meu pedido foi "Cabrito Asado, Ensalada Mista y Vino Tinto Cavas del Valle". O vinho é feito aqui pertinho e muito bom!
(Clique nas fotos para ampliar...)
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Deo e Ludmila |
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Ruta 40 |
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Frio e nublado, numa passagem a 2700m. |
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Ricardo Pires, carioca mandando ver no chimarrão! Friozinho. |
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Encarando a cordilheira. |
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Próximo abastecimento a 260km. |
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Parada em 3.000m pra esticar as pernas, respirar e ir aclimatando. |
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Papeando, tomando chimarrão e subindo. |
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Retão a subir. |
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Deo e Ludmila a 4000m. |
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Ricardo Pires mateando pra se aclimatar. |
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João, Denise e a placa indicando onde será o túnel. |
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Subindo em direção ao gelo. |
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Olhando abaixo, de onde viemos. |
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Estrada atinge o fim do vale, no gelo eterno, faz a curva e volta a subir pela encosta. |
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Coconut |
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Viajei no gelo. |
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Estradinha "muy loca!" Pedra, gelo e abismo. |
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Penitentes |
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O gelo é cortado para abrir o caminho, mesmo assim só por 3 meses. |
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Aqui ta geladinho! |
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Quem faz o serviço pesado. |
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Derretendo. |
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Se desprender um pedaço do gelo, nós vamos penhasco abaixo. |
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Contrastes |
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Ponto mais alto é 4775 m. A pressão atmosférica é metade do que estamos acostumados, cerca de 530 hPa. |
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Divisa da Argentina e Chile e ponto alto da estrada. |
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Muito o que descer daqui pra frente... |
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A beira do abismo. |
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Vamos pela descida íngreme e curta, ou pela mais longa? |
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Ciclista italiano já subiu bastante e decidiu que será aqui que ele vai armar a barraca. Altitude 4.000m. |
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Vale de Elqui abaixo, sempre ao lado do curso de água de degelo. |
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Água é vida. |
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Água cristalina em meio a esse cenário árido. |
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Cores das montanhas. |
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Uhuu!! Esse lugar é demais! |
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Embalse La Laguna, 3150m altitude. |
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Estrada as margens da represa. |
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Verde turquesa. |
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Aqui é o planeta terra. |
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Nesse trecho, o caminho tem 3 variantes, mas tudo leva pra baixo. |
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Deo e sua GS. |
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Integrado a paisagem. |
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Aduana do Chile e início do asfalto. |
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Don Omar |
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Alejandra Ahumada Ahumada |
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Restaurante Club Social |